Sinto um pânico cada vez maior à medida que o momento do "adeus" se aproxima... À medida que mais uma etapa se aproxima do fim. Não quero, porra! Não quero deixar isto, não quero afastar-me deste ambiente, destas pessoas, desta cidade que tanto me marcou, que tão bons momentos me proporcionou, que tantas mudanças operou em mim. Não quero separar-me desta família. Sim, família. Para mim já são a minha família. E pensar sequer que o tempo que nos resta juntos começa a escassear... Podemos parar o tempo??? Fazer com que os dias se repitam vezes sem conta??? Céus... Pouco mais de três meses. É o tempo que falta. Cento e poucos dias. Alguns diriam: "isso é imenso tempo". Mas para mim não. O tempo corre cada vez mais depressa e eu sinto-me atordoada ao notar que não o aproveito como devia.
Parece que foi ontem, que cheguei aqui, um "bichinho" assustado, com medo de tudo e de todos, sem saber bem o que fazer ou pensar. Parece que foi ontem que, numa das primeiras aulas, pedi para me sentar ao lado de uma daquelas que viria a ser minha colega de casa, uma das melhores e mais queridas amigas que tive/tenho/terei. Essa é certo que se vai embora, como tantos outros. E sinto uma lágrima a querer cair só de pensar no quão vazia vai ficar a minha vida. De repente, já se passaram três anos. Três anos recheados de coisas boas... Coisas menos boas, também. Mas as boas superam tudo. No entanto, sinto que falta algo. Que ainda temos tanta coisa para viver, e tão pouco tempo para o fazer.
Olho para mim e vejo alguém completamente diferente. Três anos mudaram completamente a minha maneira de ser. Já não sou aquele bichinho assustado que tinha medo de olhar nos olhos das pessoas, que tinha medo de falar, que se sentia um lixo. Não. Creio que posso dizer que me tornei numa mulher. Mais confiante, mais extrovertida. Sim, ainda sou insegura. Ainda sou algo desconfiada com desconhecidos. Mas mudei. Amadureci. Tudo isto sem, no entanto, perder aquele brilho da inocência. Não perdi (nem pretendo perder) aquela criança interior que nem faço questão de esconder. Tudo isto graças a eles. IRMANDADE. FAMÍLIA. Tudo sinónimo de uma única coisa. AMIGOS. Mas tenho que me conformar. Por muito que custe, isto não voltará a ser o mesmo. O tempo não vai voltar atrás. A amizade não se vai perder. Isso é certo! Mas não será a mesma coisa. Os dias, as noites, os momentos passados, todos juntos... Vão desaparecer. Não da memória, não do coração, claro... Mas o dia-a-dia será mais vazio. Como já alguém disse, "a vida será tão triste depois de acabarmos o curso". Pessimista? Talvez... Mas, de certo modo, também realista. Por vezes penso que talvez fosse melhor ter sido daquelas pessoas que não vêm "para a universidade para fazer amigos". Seria bem mais fácil dizer adeus... Despedir-me desta vida de estudante e dizer olá ao mundo real. Mas rapidamente ponho essa ideia de lado. Porque, graças a estas pessoas a quem tenho a alegria de chamar amigos, posso dizer que os anos que passei na universidade foram os melhores da minha vida (não sei como será o futuro, mas nos meus escassos vinte anos de vida, foram sim!). Sentimentos tão contraditórios... Alegria e tristeza misturam-se na minha cabeça (ou será coração?), confundem os meus sentimentos, deixam-me completamente desnorteada...
E depois há também a insegurança, a dúvida... "será que é para isto que tenho jeito?", "será que vou conseguir fazer alguma coisa da minha vida?", "será que vou sobreviver no mundo do trabalho?". Tantas as dúvidas, tão poucas as respostas. Tenho tanto, mas tanto medo do futuro. Ainda mais porque não me sinto preparada para o enfrentar; Porque estou cada vez mais insegura se foi para isto que fui talhada. Porque, de certo modo, me sinto desmotivada. Sim, todos têm estas dúvidas, estes medos e inseguranças uma vez na vida. Mas há aqueles que superam as dúvidas e aqueles que continuam a tê-las pelo resto da vida. Tenho medo de fazer parte do segundo grupo. Tenho tentado fugir disto, tentando não pensar no futuro, no "que será". Tenho fingido um sorriso quando me apetece chorar. Mas não vale a pena fugir dos problemas. Eles acabam por nos apanhar de qualquer maneira, não é?
Os meus sonhos não mais são cor-de-rosa. Há muito tempo que esqueceram essa cor. Agora, os meus sonhos são a preto e branco. Confusos, temerosos, melancólicos, incertos...
É uma fase... espero!
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